É notório que existam mais de 275 quedas-d’água compondo um cenário de tirar o fôlego de todo aquele que visita o Parque Nacional do Iguaçu; que as cataratas são consideradas uma das 7 maravilhas naturais do planeta e Patrimônio Natural da Humanidade (UNESCO); que a biodiversidade do entorno da cidade possui uma caracterização única no mundo; que a relação socioeconômica e cultural com os países-irmãos é pacífica e profícua; que a maior usina hidrelétrica do mundo é referência em produção de energia limpa. Mas falta dizer que tudo isto está acessível ao cicloturista e pode ser visitado de bicicleta.
De acordo com o Censo do IBGE de 2015, aproximadamente 263.647 habitantes compõem a maior população fronteiriça de nosso país, nesta cidade de avenidas largas, com uma cobertura vegetal invejável, clima agradável e que se relaciona diretamente com Puerto Iguazu– Argentina e com Ciudad Del Este– Paraguay, formando a Tríplice Fronteira.
Destino do Mundo
O título que a cidade sustenta não é exagero ou jogada de marketing. E, neste quesito supera a São Paulo e Rio de Janeiro, por que além do volume de visitantes, é limítrofe com outros dois países do Cone Sul, o que faz de Foz única no gênero.
Muito além do que se imagina, e ainda que seja o terceiro destino turístico brasileiro em volume de visitantes estrangeiros (11,4% dos 5 milhões de turistas internacionais, segundo a Fipe), Foz mantém características que sugerem uma estada contemplada por belezas naturais (maior área de Mata Atlântica do sul do Brasil), ótima oferta hoteleira (é o segundo parque hoteleiro do país), além de serviços com padrão diferenciado de outros sítios turísticos nacionais, o que faz da cidade uma excelente escolha para cicloturistas.
E, comparada a 90% dos destinos nacionais, é muito mais segura. Então, pedalar pode ser uma excelente alternativa.
Pedalar por Foz se constitui em uma experiência de pedal urbano interessante, facilitada pela altimetria praticamente plana, traçado urbano de rápida apreensão, disposição dos atrativos zoneados e pela orientação da sinalização turística bastante eficiente, além da cobertura vegetal que acompanha boa parte do desenho viário. Mas, é claro, cuidado nunca é demais, principalmente em bicicleta.
Fomos acostumados, principalmente por um esforço de mídia que privilegia outros sítios litorâneos brasileiros, a considerar o destino Foz do Iguaçu como um exemplo de turismo de compras, dada a fronteira com Ciudad Del Este, Paraguay.
É de grande sorte que outros especialistas em turismo passaram a considerar Foz como uma cidade que dialoga e interage com as diferentes culturas locais-regionais, mantendo ou buscando conservar o patrimônio socioambiental suigeneris.
Inúmeros são os cicloturistas que se valem da cidade como ponto de partida para aventuras dirigidas à Ruta 12, que atravessa as províncias de Misiones e Corrientes, e dali se lançam rumo ao Deserto do Chaco buscando chegar a Salta, Jujuy e à Cordilheira dos Andes.
Tivemos esta experiência, em 2006, e mesmo àquela altura, nada aconteceu que desabonasse as qualidades da cidade e de sua gente acostumada ao convívio com os diferentes. A cidade foi escolhida para abrigar famílias de imigrantes libaneses e de outras nações árabes, bem como grupos étnicos orientais, além de representantes de mais de 11 etnias diferentes.
Quando estivemos por cinco dias sob convite e tutela competente da empresa Iguassu By Bike e do Iguassu Convention & Visitors Bureau, tivemos uma ótima sensação ao pedalar pela cidade.
Caracterizamos, a seguir, alguns aspectos que deverão ser levados em conta quando da escolha entre este e outro destino turístico brasileiro, os quais expomos a seguir:
Acessos
Foz é contemplada por um Aeroporto Internacional bastante próximo dos hotéis e do centro da cidade, o que faz com que o deslocamento em taxis, transporte de aplicativo ou transfers até a rede hoteleira seja, além de rápido, extremamente barato.
Conhecido como Aeroporto Internacional Cataratas, está localizado na BR 469 – km 16,5 – Rodovia das Cataratas, distante 13 Km do centro da cidade, 12 Km das Cataratas do Iguaçu, 10 Km da Ponte Tancredo Neves (Argentina), 20 Km da Ponte da Amizade (Paraguay) e 30 Km da Usina Hidrelétrica de Itaipu.
Em caso de chegar a Foz pedalando, a BR- 277 é o caminho seguindo por Santa Terezinha do Iguaçu e São Miguel do Iguaçu. Embora algumas obras representem a necessidade de um pouco mais de atenção por parte do cicloturista, a estrada está guarnecida de patrulhamento da Polícia Rodoviária Federal constante.
O acesso para chegar ao parque que abriga as cataratas se dá pela Rodovia das Cataratas, para quem estiver hospedado no setor hoteleiro, margeando a mesma rodovia. E quando se está hospedado no centro da cidade, nas imediações da Av. Jorge Schimmelpfeng, por exemplo, o traçado corresponde à mesma rota.
Os roteiros possíveis de se realizar na cidade privilegiam a integração dos bairros com a parte rural e os atrativos locais, e este fato configura um tipo de cicloturismo que envolve os personagens locais, sejam eles comunitários, públicos ou privados, sem segregação.
A principal atração, sem dúvida, é a incursão ao Parque Nacional do Iguaçu, onde se tem o espetacular encontro com as Cataratas. A pedalada pelo parque se dá de tal forma que, com mínimo esforço, se pode acessar as galerias que levam aos mirantes e, em uma apoteose final, chegar pelas passarelas até a Garganta do Diabo (uma visão indescritível).
Quando se chega ao Parque Nacional do Iguaçu, o estado de conservação da estrutura física do parque impressiona. A concessão que a empresa Cataratas do Iguaçu S.A. possui alcança apenas 3% do território total do parque nacional, correspondendo também à área das cataratas. Ainda assim, neste espaço incluem-se um hotel de alta categoria, serviços de orientação, alimentação e lazer. E até onde pudemos notar, o parque está muito bem cuidado.
Ao pedalar dentro do parque é necessário tomar muito cuidado com os veículos que transportam turistas que transitam pelo local, por vezes, ultrapassando a velocidade indicada.
As atrações no interior do parque
Trilha do Poço Preto– Pedalando por uma trilha de 9 km, têm-se um universo de plantas durante todo o caminho, e se pode ter a sorte de cruzar por animais silvestres próprios da região, ou ter a presença de maritacas, araras e tucanos. Ao final da trilha, pode-se navegar pelo Rio Iguaçu ou remar por 2 km em botes infláveis.
Macuco Safari– Uma opção para o cicloturista que quiser adicionar uma dose a mais de adrenalina em sua visita. Uma lancha segue pelo Rio Iguaçu contra corrente, levando os visitantes até o Salto Três Mosqueteiros. É interessante levar em uma mochila estanque uma muda de roupa, porque o banho provocado pela proximidade com as cachoeiras é garantido. O passeio dura duas horas, porém, não contorna a Ilha San Martin, o que traria um excelente complemento à aventura.
Campo dos Desafios– Espaço de aventura e lazer que conta com rapel de 55m muito próximo das cataratas, rafting pelas corredeiras e arvorismo.
Chamou-nos a atenção, porém, o fato de os ciclistas não encontrarem paraciclos ou bicicletários para deixar suas bikes, apesar de poderem pedalar pelo parque (a volta na propriedade atinge em torno de 50km de pedalada).
A dica é, ainda que estejamos falando de um ambiente extremamente seguro, não descuidar da sua bicicleta enquanto se encanta com a beleza natural que estará diante de seus olhos.
No mais, Foz do Iguaçu é um destino do mundo. E a cada dia mais se torna um destino de cicloturismo.