Uma equipe mais que especial, formada por pai e filho cicloturistas, está vencendo o autismo, juntos!
Sim, esta é a inspiradora história de vida do arquiteto Juan Zemborain (46 anos) e seu filho Santiago (Santi), diagnosticado como portador de um transtorno generalizado de desenvolvimento (TGD – Síndrome do Espectro Autista) e hipotonia muscular.
Porém, esta não é a história de um pai lutando para sobrepujar os limites do filho, mas o relato de como os dois criaram, nas atividades de cicloturismo, um mundo onde o Amor paterno-filial é a tônica, sem limites para amar, compartilhar caminhos e ser feliz.
Trata-se de vencer o autismo todos os dias, porque enquanto pedalam juntos, no mesmo veículo fantástico, superando aclives, rípio e o cansaço dos quilômetros, vencem o autismo, juntos, sim, senhor! Não se trata de quebrar limites, simplesmente. Ao contrário, trata-se de um longo e paciencioso avanço, valorizando cada pequena vitória, estímulo ou sorriso, empurrando os limites para um pouco mais adiante.
Incentivado pelo pai, Santi acolheu a natação, o tênis e outras atividades desde cedo, porém, é no ciclismo que ele se contempla junto a seu pai. Percebendo a dificuldade de Santi de conceber a frenagem pedalando sozinho, Juan decidiu aceitar a sugestão de um amigo e solucionou a problemática da forma mais humanizada possível. Decidiu pedalar junto ao filho.
Hoje, Juan e Santi vivem suas experiências a bordo de uma tandem (bicicleta de dois lugares), na qual cumprem, aproximadamente, 80km por final de semana ou até mais.
Quando chegam em sua casa, extenuados, após queimar as pernas pedalando forte, pai e filho ainda têm uma tarefa, juntos. Se põem a rezar antes de dormir, e em meio às orações balbuciadas, Santi ainda pede a Juan: “bibi”(bicicleta).
Com esta tandem, desde março de 2017 até julho de 2018, pai e filho cumpriram mais de 5.200km, felizes, e logo cruzarão a Cordilheira dos Andes!
Mais do que estar juntos, querem desta maneira vencer os limites sociais da relação pai e filho, dos medos, da companhia do cansaço, das dores e das incógnitas da vida, enfim, desfrutando da alegria compartilhada de viver o sonho que se sonhou, um ao lado do outro.
Juan acredita que “Empujando Limites” poderá auxiliar outros pais e filhos a desejar passar mais tempo juntos, desconectados das mídias sociais e dos problemas cotidianos, criando um tempo exclusivo de trocas, aprendizados e Amor.
Na verdade, a iniciativa está inspirando pessoas além do que poderiam, a princípio, imaginar, pois não é incomum sairem a pedalar, serem reconhecidos e saudados por outros ciclistas pedalando no sentido contrário, que gritam e acenam: Dale, Santi! Dale, Santi!!!!!
Santi completará 16 anos no próximo março e já acumula quilometragens, paisagens e experiências para dar inveja a muito barbado que se julgar grande ciclista.
Pai e filho já pedalaram em diferentes pontos de seu país, Argentina: estiveram no Parque Eólico Achiras (Cordoba), pedalaram de San Isidro a Olavarría, pedalaram também em Mar del Plata, San Luís y Punilla, pelas impressionantes paisagens de Cafayate, Salinas Grandes, Tilcara, Purmamarca e Humahuaca no Nordeste Argentino, alcançando altitudes de mais de 4.000m.
E o que dizer da fantástica peregrinação desde Las Palmas (Zárate) até o Santuário da Virgem, em Luján? Não há limites para o sonho e para o Amor de pai e filho!
Incógnita, porém, presente, a irmã mais velha de Santi, Anita, apoia, incentiva e participa das vitórias da dupla de cicloturistas, tanto é que os carrega em um dos braços numa tatuagem com o desenho da logo do projeto, dedicada a cada pedalada de Amor entre pai e filho.
Os limites de subir em uma bicicleta e pedalar juntos já foram superados, foram empurrados para frente também os limites do bairro onde vivem e dos bairros vizinhos, em Buenos Aires. Empurraram juntos o limite do Aeroparque, em Buenos Aires, Nordelta, Villanueva, Puerto Panal, Solis, entre tantos outros.
E, queridos amigos, sabem porquê estes grandes companheiros seguem empurrando limites? Porque não existe maior herança que um pai possa deixar a um filho do que o Amor. E neste caso, em especial, a vida que flui a cada volta do pedal é o que impulsiona Juan e SUPERSANTI, rumo a todos os horizontes que sonharem, porque para eles, não há limites.
Estou aqui, em Santa Catarina, neste momento terminando meu mate, refletindo, entre lágrimas de felicidade. Que afortunado sou eu de estar vivo e poder contar para mais pessoas esta que é uma das mais emocionantes histórias do ciclismo sul-americano dos últimos tempos. E é uma história que segue, muito além dos horizontes e dos limites que a vida nos impõe.
Gracias, Juan, por habernos inspirado al compartir la vida de Uds. con nosotros. Gracias, Santi, por seguir sonriendo por la vida con tua ‘bibi’!
E como não poderia haver forma melhor de terminar esta matéria, imagino a mim mesmo e a cada cicloturista brasileiro que está, neste momento, cruzando seus caminhos em busca de seus sonhos, unidos numa mesma voz, gritando: Dale, Santi!!! Dale, Santi!!! Dale, Santi!!!!
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