Sinalização de Cicloturismo: Guia Técnico para Gestores

Sinalização de cicloturismo: guia técnico para gestores públicos

A sinalização de cicloturismo representa o pilar central para projetos que buscam unir segurança viária e desenvolvimento territorial. Gestores públicos buscam clareza técnica para evitar disputas institucionais e garantir a eficácia das intervenções. Por essa razão, este artigo oferece um norte fundamentado em normas oficiais e nas experiências consolidadas na Rota dos Tropeiros. A visão da Lobi Ciclotur entrega o que o poder público necessita: clareza jurídica e capacidade de implementação imediata.

A especificidade técnica na sinalização de cicloturismo

Em primeiro lugar, o setor compõe produtos complexos que integram história, serviços e infraestrutura. Nesse sentido, a indicação de trajetos turísticos difere das ciclorrotas urbanas voltadas apenas à mobilidade. Por esse motivo, toda marcação de percursos em vias públicas deve seguir o Código de Trânsito Brasileiro e o Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito.

Sinalização de cicloturismo padrão internacional em via rural da Rota dos Tropeiros
Exemplo de placa de sinalização técnica aplicada no trecho de Vila Velha (PR). Foto: Ivan Mendes © Lobi Ciclotur

Além disso, o planejamento dessa sinalização de cicloturismo precisa considerar a diversidade do público, incluindo pessoas com daltonismo. Para atender a todos, o projeto deve respeitar a norma ABNT NBR 9050. Caso contrário, a falta de padronização adequada pode resultar em responsabilidade civil para a administração pública.

Riscos de padrões conflitantes com as normas vigentes

Atualmente, alguns guias propõem soluções gráficas que divergem do sistema de trânsito. Um exemplo crítico envolve o uso indevido da cor amarela para indicar percursos turísticos. Assim como as normas reservam o amarelo exclusivamente para advertência de perigo, o uso meramente decorativo dessa cor reduz a percepção de risco pelo usuário. Consequentemente, essa falha compromete a eficácia dos alertas viários e eleva a possibilidade de acidentes.

Sinalização de cicloturismo padrão internacional em via rural da Rota dos Tropeiros cumprindo normas de acessibilidade e segurança viária.
Demonstração técnica de sinalização: à esquerda, o modelo de orientação turística que respeita a harmonia estética exigida pelo IPHAN para áreas de patrimônio e as normas de segurança viária do CONTRAN; à direita, exemplo de sinalização em desacordo com os manuais brasileiros. Foto/Desenho: Ivan Mendes © Lobi Ciclotur

Segurança e legibilidade da sinalização de cicloturismo

Além disso, cores com baixo contraste também dificultam a leitura em ambientes naturais. Frequentemente, indivíduos com dificuldades visuais não distinguem o amarelo da vegetação ao redor. Por outro lado, soluções que remetem apenas a trilhas pedestres falham ao comunicar a presença de bicicletas aos motoristas de veículos motorizados. A sinalização de cicloturismo eficiente deve, portanto, garantir visibilidade a todos os usuários da via.

Aplicação prática e resultados em campo

Por exemplo, enquanto o debate permanece no campo teórico, a Lobi Ciclotur já implementa soluções operacionais. Em 2020, o trecho da Rota dos Tropeiros em Vila Velha (PR) recebeu um projeto visual baseado em critérios técnicos rigorosos. No local, aplicamos a cor marrom para placas indicativas/destinos e o amarelo apenas para advertências pontuais. Ou seja, este projeto funciona como um laboratório real para a aplicação das diretrizes do PL 1280/2024.

Sinalização de cicloturismo em solo com pintura de baixo impacto, seguindo normas de acessibilidade e diretrizes do IPHAN
Sinalização de solo na Rota dos Tropeiros: balizamento técnico que respeita a paisagem histórica e as normas do CONTRAN. Foto: Ivan Mendes © Lobi Ciclotur

O respaldo do projeto de lei federal

Portanto, a solidez deste modelo ganha reforço com o trâmite legislativo em Brasília. O projeto em questão consolida este corredor como política pública de desenvolvimento. A correta sinalização de cicloturismo assegura a viabilidade técnica da proposta perante o Congresso Nacional, uma vez que o trabalho envolveu ampla articulação técnica e o suporte da ARTECS para garantir a conservação do patrimônio e a segurança.

Recomendações para a gestão pública municipal

Para que o gestor estabeleça um projeto sustentável, convém observar cinco diretrizes básicas na implementação da sinalização de cicloturismo:

  1. Padronização: Adotar o marrom para indicação turística.
  2. Segurança: Reservar o amarelo para sinalizar perigos reais.
  3. Universalidade: Utilizar pictogramas compreensíveis para diferentes culturas.
  4. Acessibilidade: Cumprir a NBR 9050 para garantir contraste visual.
  5. Tecnologia: Integrar a comunicação física com ferramentas de navegação digital.

Desta forma, ao escolher este caminho, a administração protege vidas e valoriza o território de forma profissional. Contudo, a Lobi Ciclotur permanece à disposição para colaborar com a implementação de projetos que sigam os melhores padrões técnicos disponíveis.

Horizontes a perder de vista, mas sem se perder no caminho.

Texto: Ivan Mendes © Lobi Ciclotur