Sinalização de cicloturismo: guia técnico para gestores públicos
A sinalização de cicloturismo representa o pilar central para projetos que buscam unir segurança viária e desenvolvimento territorial. Gestores públicos buscam clareza técnica para evitar disputas institucionais e garantir a eficácia das intervenções. Por essa razão, este artigo oferece um norte fundamentado em normas oficiais e nas experiências consolidadas na Rota dos Tropeiros. A visão da Lobi Ciclotur entrega o que o poder público necessita: clareza jurídica e capacidade de implementação imediata.
A especificidade técnica na sinalização de cicloturismo
Em primeiro lugar, o setor compõe produtos complexos que integram história, serviços e infraestrutura. Nesse sentido, a indicação de trajetos turísticos difere das ciclorrotas urbanas voltadas apenas à mobilidade. Por esse motivo, toda marcação de percursos em vias públicas deve seguir o Código de Trânsito Brasileiro e o Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito.

Além disso, o planejamento dessa sinalização de cicloturismo precisa considerar a diversidade do público, incluindo pessoas com daltonismo. Para atender a todos, o projeto deve respeitar a norma ABNT NBR 9050. Caso contrário, a falta de padronização adequada pode resultar em responsabilidade civil para a administração pública.
Riscos de padrões conflitantes com as normas vigentes
Atualmente, alguns guias propõem soluções gráficas que divergem do sistema de trânsito. Um exemplo crítico envolve o uso indevido da cor amarela para indicar percursos turísticos. Assim como as normas reservam o amarelo exclusivamente para advertência de perigo, o uso meramente decorativo dessa cor reduz a percepção de risco pelo usuário. Consequentemente, essa falha compromete a eficácia dos alertas viários e eleva a possibilidade de acidentes.

Segurança e legibilidade da sinalização de cicloturismo
Além disso, cores com baixo contraste também dificultam a leitura em ambientes naturais. Frequentemente, indivíduos com dificuldades visuais não distinguem o amarelo da vegetação ao redor. Por outro lado, soluções que remetem apenas a trilhas pedestres falham ao comunicar a presença de bicicletas aos motoristas de veículos motorizados. A sinalização de cicloturismo eficiente deve, portanto, garantir visibilidade a todos os usuários da via.
Aplicação prática e resultados em campo
Por exemplo, enquanto o debate permanece no campo teórico, a Lobi Ciclotur já implementa soluções operacionais. Em 2020, o trecho da Rota dos Tropeiros em Vila Velha (PR) recebeu um projeto visual baseado em critérios técnicos rigorosos. No local, aplicamos a cor marrom para placas indicativas/destinos e o amarelo apenas para advertências pontuais. Ou seja, este projeto funciona como um laboratório real para a aplicação das diretrizes do PL 1280/2024.

O respaldo do projeto de lei federal
Portanto, a solidez deste modelo ganha reforço com o trâmite legislativo em Brasília. O projeto em questão consolida este corredor como política pública de desenvolvimento. A correta sinalização de cicloturismo assegura a viabilidade técnica da proposta perante o Congresso Nacional, uma vez que o trabalho envolveu ampla articulação técnica e o suporte da ARTECS para garantir a conservação do patrimônio e a segurança.
Recomendações para a gestão pública municipal
Para que o gestor estabeleça um projeto sustentável, convém observar cinco diretrizes básicas na implementação da sinalização de cicloturismo:
- Padronização: Adotar o marrom para indicação turística.
- Segurança: Reservar o amarelo para sinalizar perigos reais.
- Universalidade: Utilizar pictogramas compreensíveis para diferentes culturas.
- Acessibilidade: Cumprir a NBR 9050 para garantir contraste visual.
- Tecnologia: Integrar a comunicação física com ferramentas de navegação digital.
Desta forma, ao escolher este caminho, a administração protege vidas e valoriza o território de forma profissional. Contudo, a Lobi Ciclotur permanece à disposição para colaborar com a implementação de projetos que sigam os melhores padrões técnicos disponíveis.
Horizontes a perder de vista, mas sem se perder no caminho.
Texto: Ivan Mendes © Lobi Ciclotur
