Ele já realizou dezenas de cicloviagens pelos mais interessantes caminhos do país, dentre eles, a Estrada Real, de Diamantina – MG a Paraty – RJ. Este mineirinho de nascido na bela São João Del Rey reside em Brasília – DF, onde é servidor público, atualmente como Chefe do Núcleo de Transporte Cicloviário da Secretaria de Mobilidade do Distrito Federal .
Felipe está com 39 anos e tem acumulado quilômetros no seu lindo projeto “Eu corro, você ajuda!”, onde a cada quilômetro percorrido por ele correndo significam milhares de reais sendo destinados como ajuda à ABRACE – Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias! No ano de 2017, Felipe correu e as pessoas ajudaram a arrecadar quase R$10.000,00 para a entidade, que precisa de muito mais, então, Felipe continua correndo e nós, apoiando. Acesse e apoie o projeto antes de continuar a ler, por favor:
https://www.catarse.me/eucorrovoceajuda2018
Em março de 2016, Felipe realizou mais um grande sonho: cruzar a Argentina de bicicleta em direção à Cordilheira dos Andes, perfazendo 1250km de pedaladas, desde Rosário (ARG) até Santiago do Chile.
Sua média de quilometragem nos primeiros sete dias foi de 127 km, sabendo que depois que chegasse ao altiplano, a média diária cairia consideravelmente por conta da altimetria. Felipe optou começar em Rosário sua pedalada por conta que entendeu ser mais seguro e ter mais elementos para acrescentar à cicloviagem do que partir da capital federal, Buenos Aires.
Ainda que tenha cicloviajado em março (verão), Felipe percebeu que quanto mais se aproximava da Cordilheira dos Andes, mais a temperatura começava a baixar nos finais de tarde, prenunciando o que viria a seguir. Após descansar no oitavo dia em Mendoza, ele segue por 116km em direção a Uspallata, saindo dos 700 m para os 2000 m de altitude, ficando encantado com o Lago de Potrerillos.
Já no décimo dia, Felipe ascende à 2900m de altitude, passando por Puente Del Inca, onde acabou acampando nas ruínas de um antigo hotel que fora destruído por uma avalanche anos atrás. No dia seguinte, visitou o Parque Aconcágua, já a 3250m de altitude, e já em território chileno, aproveitou a vertiginosa descida de Los Caracoles, chegando em Santiago do Chile no décimo segundo dia.
Apesar de passar pelas províncias de Santa Fé, Córdoba, San Luis e Mendoza diz não ter sentido tanta diferença entre uma e outra em termos culturais, porém, ao passo que se aproximava da Cordilheira dos Andes, os aspectos nativos da população andina iam, aos poucos, se apresentando, seja nos traços das feições, na indumentária, no aspecto construtivo e na alimentação.
Felipe afirma que a província argentina que foi mais interessante pedalar foi a de San Luis, pois as estradas contavam com acostamento, eram duplicadas e iluminadas, se quisesse poderia até ter pedalado à noite. E, sem nenhuma dúvida, ele conta que o encontro com o Aconcágua foi a parte mais emocionante de toda a cicloviagem.
Ao final, perguntei ao Felipe sobre quais os aprendizados mais impactantes desta cicloviagem, tendo em vista que em todas elas somos presenteados com a possibilidade de apreender do mundo e das pessoas.
Abaixo, transcrevemos o que Felipe T. Ribeiro diz a respeito disso:
“Acho que o auto conhecimento é o maior aprendizado que recebi em todas as viagens que já fiz sobre duas rodas. O tempo em cima da magrela, apenas você e o meio à sua volta, faz pensar e refletir sobre muitas coisas que acontecem ou aconteceram em nossas vidas. Diria que é uma terapia diária, com sessões que podem durar de 9 a 10 horas sem parar, onde você não precisa externar nada, apenas refletir. Sempre volto diferente a cada cicloviagem. Enxergamos melhor o meio a nossa volta, reparamos mais nos detalhes das cidades, das praças, reparamos melhor no ser humano e em suas atitudes. Cada caminhão que mudava de faixa ao me ultrapassar ou o aceno de muitos me cumprimentando, enfim, aquilo era como se essas pessoas fizessem força comigo em cada pedalada. A bicicleta tem um poder de unir as pessoas, e isto, às vezes me impressiona. Tem uma frase de Oscar Wilde que defini muito bem o que significam essas cicloviagens para mim: – Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe – ”.
Obrigado, Felipe!